quarta-feira, 29 de novembro de 2017

  A Europa Moderna : As grandes navegações


Durante os séculos XV e XVI, o mundo vivia uma espécie de transição do modelo de organização feudal para o que viria a ser, futuramente, o capitalismo. O renascimento comercial provocado pelas Cruzadas, a ascensão de uma burguesia forte e a criação dos Estados Nacionais foram fatores decisivos para a expansão marítimo-comercial europeia.
De fato, o comércio dos artigos de luxo despertava grandemente o interesse dos burgueses. A escassez de ouro e outros metais preciosos preocupava os reis e, além disso, como os turcos-otomanos haviam assumido o controle do porto de Constantinopla em 1453, surgia a necessidade de se encontrar um novo caminho para o Oriente. Todos esses aspectos resultaram em um período de buscas intensivas das potências europeias atrás de riqueza e novas rotas comerciais pelo globo terrestre, o qual é denominado Era das Grandes Navegações.
De fato, toda a Europa passou a se aventurar na realização dessas enormes expedições marítimas, com destaque para Portugal e Espanha. O pioneirismo dos portugueses pode ser explicado pelo fato de terem formado o primeiro Estado moderno europeu. Já a Espanha entrou na corrida da expansão marítima um pouco depois, uma vez estava bastante envolvida com a reconquista da Península Ibérica.
As Grandes Navegações resultaram em significativas mudanças econômicas, políticas e até mesmo ideológicas em toda a Europa. De fato, as atividades comerciais se aprofundaram grandemente e os países banhados pelo Atlântico passaram a desfrutar de uma posição estratégica. Logicamente, a expansão marítima resultou na descoberta de diversos novos territórios, como o continente americano, por exemplo. Além disso, também é possível dizer que o pensamento do homem da época se tornou mais racional, haja vista que as diversas lendas e contos mitológicos que permeavam seu pensamento a respeito do desconhecido acabaram se mostrando sem fundamento.



Primeiros contatos 

       Em 1500, os primeiros portugueses que desembarcaram no continente americano tomaram posse das terras e logo em seguida tiveram os primeiros contatos com os indígenas, chamados pelos portugueses. Alguns pesquisadores chamaram esse primeiro contato entre portugueses e indígenas de “encontro de culturas”, como se este representasse um momento em que as diferentes culturas trocaram influência, mas não foi bem isso o que aconteceu. Concordamos com os pesquisadores que compreendem que o início do processo de colonização portuguesa foi um “desencontro de culturas” (que mais correspondeu ao início do processo de extermínio e submissão dos indígenas, o genocídio) e que houve um processo de imposição cultural (que chamaremos de etnocídio, ou seja, os portugueses impuseram sua cultura sobre a cultura indígena)
No século XVI, poucos empreendimentos foram realizados pelos portugueses no território colonial. As principais realizações portuguesas tiveram a utilização da mão de obra indígena escravizada, como na extração do pau-brasil, na construção de feitorias pelo litoral, etc.
Infelizmente, a submissão e o extermínio dos indígenas pelos europeus no século XVI estavam apenas começando na história do Brasil.


A madeira do pau Brasil produz uma tinta rubra usada para tingir tecidos e móveis e chamava muita atenção na Europa, onde produto feitos com essa madeira ou coloridos por sua tintura tinha um alto valor.
exploração do Pau-Brasil foi a primeira atividade econômica do país, logo após o descobrimento pelos portugueses, em 1500. A madeira foi a primeira riqueza que saltou aos olhos do portugueses que aqui chegaram junto com Pedro Álvares Cabral.
Sendo uma atividade bastante fácil para os colonizadores, tanto por conta da abundância da madeira em todo o litoral quanto por conta do trabalho escravo indígena, arregimentado às custas de violência e trocas de produtos, a extração de pau Brasil foi a melhor alternativa para a exploração e posterior colonização das terras descobertas.


A primeira forma de trabalho estabelecida pelos portugueses e franceses na América foi o escambo, que significa ‘troca’ ou ‘permuta’.  Nesse caso, escambo consistia em trocar o trabalho dos indígenas por mercadorias de pouco valor para os europeus, como miçangas, espelhos e machados.
Na cultura dos indígenas não havia interesse em acumular mercadoria nem riquezas. Para os indígenas não fazia sentido trabalhar para acumular vários machados ou espelhos. Cada indivíduo trabalhava até conseguir o que desejava e então se recusava a continuar trabalhando.
A maioria dos europeus do século XVI era incapaz de entender essa atitude. Como o sistema de escambo não funcionou de acordo com os interesses dos europeus, eles passaram a escravizar os indígenas.


Por motivos de melhor aproveitamento para a administração da colônia, a Coroa Portuguesa delega a exploração e a colonização aos interesses privados, principalmente por falta de recursos de Portugal em manter a sua colônia de além mar.
Ocorre então a divisão do território em capitanias, que iam do litoral até o limite estipulado pelo Tratado de Tordesilhas, um modelo de colonização que tinha obtido sucesso na Ilha da Madeira e em Cabo Verde, na África. A primeira divisão forma a Ilha de São João, colocada sob responsabilidade de Fernando de Noronha em 1504. A iniciativa de colonização utilizando este modelo respondia à necessidade de proteção contra invasores, sobretudo franceses.
De início, foram quinze beneficiários agraciados com capitanias no território da colônia portuguesa. Os escolhidos eram membros da baixa nobreza portuguesa que a Coroa acreditava terem condições para a empreitada de colonização. Esses nobres foram denominados donatários e representavam a autoridade máxima da capitania. O donatário não era dono, mas deveria desenvolver a capitania com recursos próprios, responsabilizando-se por seu controle, proteção e desenvolvimento. Juridicamente, se estruturava o controle da capitania através de dois documentos: Carta de Doação e Carta Foral.


Os resultados que foram obtidos pela Coroa Portuguesa com o sistema de capitanias hereditárias criado no Brasil, enquanto Colônia, foram considerados pelos portugueses como inexpressivos e fracassados. Dessa forma, eles foram motivados a tomar uma atitude no que dizia respeito à gestão da colônia, criando o Governo Geral.
O Governo Geral foi criado pelo rei português D. João III em 1548 e passou a funcionar no ano seguinte. Para fazer com que os resultados da colônia fossem melhores que os obtidos até então, o rei instituiu a criação de alguns cargos que legitimassem uma autoridade política da própria Coroa, o que deixava ainda mais claro o interesse na colonização das terras tupiniquins.
O principal motivo para a criação do Governo Geral era garantir que o poder na colônia finalmente se tornasse centralizado, acabando, por outro lado, com a desorganização de caráter administrativa presente no estado.
 engenho de açúcar no Brasil colonial designa o local onde foi produzido o açúcar durante o período colonial. Ou seja, eram as fazendas que representavam a unidade de produção de açúcar.
Vale lembrar que os engenhos coloniais surgem no século XVI, quando tem início o segundo ciclo econômico do Brasil: o ciclo da cana-de-açúcar.
As primeiras mudas chegaram da Europa em meados do século XVI. Os portugueses, colonizadores das terras pertencentes ao Brasil, já possuíam técnicas de plantio na medida que já cultivavam e produziam o produto em outras partes do mundo.
O engenho colonial era um grande complexo que apresentava uma estrutura básica, o qual era dividido em diversas partes, a saber:
·         Canavial: onde o açúcar era cultivado nas grandes extensões de terra denominadas de latifúndios. Ali começava o processo, ou seja, o plantio e a colheita do produto.
·         Moenda: local para moer ou esmagar o produto utilizado principalmente, pela tração animal, onde era esmagado o caule e extraído o caldo da cana. Podiam também ter moendas que utilizavam a energia proveniente da água (moinho) ou ainda ela força humana: dos próprios escravos.
·         Casa das Caldeiras: aquecimento do produto em tachos de cobre.
·         Casa das Fornalhas: uma espécie de cozinha que abrigava grandes fornos que aqueciam o produto e o transformavam em melaço de cana.
·         Casa de Purgar: local onde era refinado o açúcar e finalizado o processo.
·         Plantações: Além dos canaviais, havia as plantações de subsistência (hortas), em que eram cultivados outros tipos de produtos (frutas, verduras e legumes) destinados à alimentação da população.
·         Casa Grande: representava o centro do poder dos engenhos, sendo o local onde habitava os senhores do engenho (ricos proprietários de terras) e sua família.
·         Senzala: locais que abrigavam os escravos. Apresentam condições muito precárias, donde os escravos dormiam no chão de terra batida. Durante a noite, eles eram acorrentados para evitar a fuga.
·         Capela: erigida para representar a religiosidade dos habitantes do engenho, sobretudo, dos portugueses. Local onde ocorriam as missas e as principais manifestações católicas (batismo, casamento, etc.). Vale lembrar que os escravos muitas vezes, eram obrigados a participarem dos cultos.
·         Casas de Trabalhadores Livres: pequenas e simples habitações onde viviam outros trabalhadores do engenho que não eram escravos, geralmente os fazendeiros que não possuíam recursos.
·         Curral: local que abrigava os animais usados nos engenhos, seja para o transporte (produtos e pessoas), nas moedas de tração animal ou para alimentação da população.
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Primeiramente, as canas eram cultivadas em grandes extensões de terra (latifúndios), depois eram colhidas e levadas para a moenda, local em que era retirado o caldo da cana.
Após esse processo, o produto era levado para as caldeiras e depois, para a fornalha. Por conseguinte, o melaço da cana era refinado na casa de purgar. Por fim, o produto era ensacado para ser transportado.
Parte dele, e sobretudo do açúcar mascavo (que não passava pelo processo de refino) era destinado ao comércio interno. No entanto, a maior parte da produção era enviada para abastecer o mercado consumidor europeu.
Vale lembrar que os engenhos eram considerados “pequenas cidades” e no final do século XVII já contavam com quase 500 no Brasil, sobretudo na região nordeste do país.
A partir do século XVIII, o ciclo do açúcar entrou em decadência, com a concorrência externa e a queda da produção do produto.
Além disso, foram descobertas jazidas de ouro, que deram início ao Ciclo do Ouro no Brasil. Sendo assim, aos poucos, os engenhos de açúcar foram sendo desativados.
Os escravos representavam a principal mão de obra do trabalho nos engenhos açucareiros (cerca de 80%) e não recebiam salários.
Além de trabalharem longas jornadas, viviam em péssimas condições, vestiam trapos, eram açoitados pelos capatazes e ainda, comiam o resto da comida. Trabalhavam tanto na produção da cana, como nas casas senhorias, fazendo o trabalho de cozinheiras, faxineiras, amas de leite, etc.
Alguns trabalhadores livres que recebiam salários, trabalhavam nos engenhos, por exemplo, o feitor, capatazes, ferreiros, carpinteiros, mestre do açúcar e lavradores da terra.


Em 1624, os holandeses invadiram o Brasil pela Bahia e ali se estabeleceram até 1625. Intentaram outra invasão, desta vez a Pernambuco (1630). Dali passaram a conquistar diversas capitanias em direção ao litoral norte colonial. Conquistaram, respectivamente, Paraíba (1634), Rio Grande do Norte (1634), Capitania Real do Ceará (1637) e São Luís, capital do Estado do Maranhão (1641), da qual foram expulsos em 1644. O mais conhecido comandante holandês foi Maurício de Nassau que governou o chamado Brasil Holandês entre 1637 e 1644. Seu governo, com capital em Recife, estabeleceu uma administração baseada no incentivo à produção de açúcar; busca pela liberdade religiosa; modernização; criação de um jardim botânico e zoológico. Nassau também ficou conhecido por ser um importante articulador político.
Conhecidos como “ousados lobos dos mares”, os holandeses estabeleceram importantes relações comerciais na região do delta amazônico (entre os estados do Amapá e Pará). Desde fins do século XVI, holandeses e indígenas fortaleceram relações econômicas que duraram até meados do século XVII. Através do escambo, os holandeses trocavam tabaco, algodão, pescados, quelônios, urucum, madeiras e muitos outros produtos locais por machados, tesouras, contas de vidro, bebidas, armas de fogo, roupas e tudo o mais que agradassem aos índios.
Os conflitos entre portugueses, holandeses e indígenas pela posse dos territórios coloniais durou até 1654 quando os holandeses foram definitivamente expulsos. Alguns consideram que a presença holandesa na América se caracterizou apenas por um processo de invasão das colônias portuguesas. No entanto, deve-se ter em mente que as relações estabelecidas entre holandeses e indígenas nas regiões do delta amazônico se constituiu por processos econômicos que não foram abalados nem mesmo pelos sangrentos conflitos no litoral nordestino. Deste modo, a presença holandesa nas colônias portuguesas deve ser vista de modo relacional, a depender do lugar e das relações estabelecidas.


João Maurício de Nassau foi um conde holandês, enviado ao nordeste brasileiro, em 1637, pela Companhia das Índias Ocidentais. Sua função era governar as terras dominadas pelos holandeses na região de Pernambuco. Seu governo durou sete anos e foi responsável por várias transformações, principalmente urbanísticas, em Recife.

- Investimentos na infra-estruturar de Recife como, por exemplo, construção de pontes, diques, drenagem de pântanos, canais e obras sanitárias.

- Estabelecimento de aliança política com os senhores de engenho de Pernambuco.

- Incentivo ao estudo e retratação da natureza brasileira, principalmente com a vinda de artistas e cientistas holandeses.

- Adoção de melhorias nos engenhos, visando o aumento da produção de açúcar.

- Criação do Jardim Botânico no Recife, assim como o Museu Natural e o Zoológico.

- Melhoria da qualidade dos serviços públicos em Recife, investindo na coleta de lixo e nos bombeiros.

- Redução dos tributos cobrados dos senhores de engenho de Pernambuco.

- Estabelecimento da liberdade religiosa aos cristãos.

No começo da década de 1640, a Companhia das Índias Ocidentais passou a tomar uma série de medidas visando o aumento dos lucros com a economia açucareira no Brasil. Entre estas medidas estavam o aumento de impostos, cobrança de dívidas atrasadas dos senhores de engenho e pressão para aumentar a produção de açúcar. Estas medidas causaram grande insatisfação nos senhores de engenhos e não foram aceitas por Maurício de Nassau, que resolveu deixar o cargo de governador em 1644.

A saída de Nassau do governo rompeu o clima harmonioso entre holandeses e senhores de engenho. Muitos destes últimos passaram a se organizar, formando exércitos e buscando apoio de colonos, com o objetivo de expulsar os holandeses do nordeste brasileiro. O objetivo foi conquistado em 1654 através da Insurreição Pernambucana.


 Curiosidades

A colonização portuguesa no Brasil teve como principais características: civilizar,exterminar,povoar,explorar, dominar e conquistar.

A Coroa portuguesa,quando empreendeu o financiamento das navegações marítimas portuguesa no século XV,tinha como principal objetivo a expansão comercial.


 Imagens:





Vídeo:



Links:













https://youtu.be/Bq5oL0TQIxw


Postado por: Maria Eduarda e Thaísa Coímbra



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A expansão das fronteiras da Colônia portuguesa No século XVII existiam limites territoriais onde ainda não estavam bem estabelecidos...