A Europa Moderna : As grandes navegações
Durante os séculos XV e XVI, o mundo
vivia uma espécie de transição do modelo de organização feudal para o que viria
a ser, futuramente, o capitalismo. O renascimento comercial provocado pelas
Cruzadas, a ascensão de uma burguesia forte e a criação dos Estados Nacionais
foram fatores decisivos para a expansão marítimo-comercial europeia.
De fato, o comércio dos artigos de
luxo despertava grandemente o interesse dos burgueses. A escassez de ouro e
outros metais preciosos preocupava os reis e, além disso, como os
turcos-otomanos haviam assumido o controle do porto de Constantinopla em
1453, surgia a necessidade de se encontrar um novo caminho para o Oriente.
Todos esses aspectos resultaram em um período de buscas intensivas das
potências europeias atrás de riqueza e novas rotas comerciais pelo globo
terrestre, o qual é denominado Era das Grandes Navegações.
De fato, toda a Europa passou a
se aventurar na realização dessas enormes expedições marítimas,
com destaque para Portugal e Espanha. O pioneirismo dos portugueses pode
ser explicado pelo fato de terem formado o primeiro Estado moderno
europeu. Já a Espanha entrou na corrida da expansão marítima um pouco depois,
uma vez estava bastante envolvida com a reconquista da Península
Ibérica.
As Grandes Navegações resultaram
em significativas mudanças econômicas, políticas e até mesmo ideológicas em
toda a Europa. De fato, as atividades comerciais se aprofundaram grandemente e
os países banhados pelo Atlântico passaram a desfrutar de uma posição
estratégica. Logicamente, a expansão marítima resultou na descoberta de
diversos novos territórios, como o continente americano, por exemplo. Além
disso, também é possível dizer que o pensamento do homem da época se
tornou mais racional, haja vista que as diversas lendas e contos
mitológicos que permeavam seu pensamento a respeito do
desconhecido acabaram se mostrando sem fundamento.
Primeiros contatos
Em 1500, os primeiros portugueses que desembarcaram no continente americano
tomaram posse das terras e logo em seguida tiveram os primeiros contatos com os
indígenas, chamados pelos portugueses. Alguns pesquisadores chamaram esse
primeiro contato entre portugueses e indígenas de “encontro de culturas”, como
se este representasse um momento em que as diferentes culturas trocaram
influência, mas não foi bem isso o que aconteceu. Concordamos com os
pesquisadores que compreendem que o início do processo de colonização
portuguesa foi um “desencontro de culturas” (que mais correspondeu ao início do
processo de extermínio e submissão dos indígenas, o genocídio) e que houve um
processo de imposição cultural (que chamaremos de etnocídio, ou seja, os
portugueses impuseram sua cultura sobre a cultura indígena)
No século
XVI, poucos empreendimentos foram realizados pelos portugueses no território
colonial. As principais realizações portuguesas tiveram a utilização da mão de
obra indígena escravizada, como na extração do pau-brasil, na construção de
feitorias pelo litoral, etc.
Infelizmente,
a submissão e o extermínio dos indígenas pelos europeus no século XVI estavam
apenas começando na história do Brasil.
A madeira do pau Brasil produz uma
tinta rubra usada para tingir tecidos e móveis e chamava muita atenção na
Europa, onde produto feitos com essa madeira ou coloridos por sua tintura tinha
um alto valor.
A exploração do Pau-Brasil foi a primeira
atividade econômica do país, logo após o descobrimento pelos portugueses, em
1500. A madeira foi a primeira riqueza que saltou aos olhos do portugueses que
aqui chegaram junto com Pedro Álvares Cabral.
Sendo uma atividade bastante fácil para
os colonizadores, tanto por conta da abundância da madeira em todo o litoral
quanto por conta do trabalho escravo indígena, arregimentado às custas de
violência e trocas de produtos, a extração de pau Brasil foi a melhor
alternativa para a exploração e posterior colonização das terras descobertas.
A primeira forma de trabalho estabelecida pelos portugueses e
franceses na América foi o escambo, que
significa ‘troca’ ou ‘permuta’. Nesse caso, escambo consistia em trocar o
trabalho dos indígenas por mercadorias de pouco valor para os europeus, como
miçangas, espelhos e machados.
Na cultura dos indígenas
não havia interesse em acumular mercadoria nem riquezas. Para os indígenas não
fazia sentido trabalhar para acumular
vários machados ou espelhos. Cada indivíduo trabalhava até
conseguir o que desejava e então se recusava a continuar trabalhando.
A maioria dos europeus
do século XVI era incapaz de entender essa atitude. Como o sistema de escambo
não funcionou de acordo com os interesses dos europeus, eles passaram a
escravizar os indígenas.
Por motivos de melhor
aproveitamento para a administração da colônia, a Coroa Portuguesa delega a
exploração e a colonização aos interesses privados, principalmente por falta de
recursos de Portugal em manter a sua colônia de além mar.
Ocorre então a divisão do
território em capitanias, que iam do litoral até o limite estipulado pelo Tratado de Tordesilhas, um modelo de colonização
que tinha obtido sucesso na Ilha da Madeira e em Cabo Verde, na África. A primeira divisão forma a Ilha
de São João, colocada sob responsabilidade de Fernando de Noronha em 1504. A
iniciativa de colonização utilizando este modelo respondia à necessidade de
proteção contra invasores, sobretudo franceses.
De início, foram quinze
beneficiários agraciados com capitanias no território da colônia portuguesa. Os
escolhidos eram membros da baixa nobreza portuguesa que a Coroa acreditava terem condições para a
empreitada de colonização. Esses nobres foram denominados donatários e
representavam a autoridade máxima da capitania. O donatário não era dono, mas
deveria desenvolver a capitania com recursos próprios, responsabilizando-se por
seu controle, proteção e desenvolvimento. Juridicamente, se estruturava o
controle da capitania através de dois documentos: Carta de Doação e Carta
Foral.
Os resultados que foram
obtidos pela Coroa Portuguesa com o sistema de capitanias hereditárias criado no Brasil,
enquanto Colônia, foram considerados pelos portugueses como inexpressivos e fracassados. Dessa forma, eles foram
motivados a tomar uma atitude no que dizia respeito à gestão da colônia,
criando o Governo Geral.
O
Governo Geral foi criado pelo rei português D. João III em 1548 e passou a
funcionar no ano seguinte. Para fazer com que os resultados da colônia fossem
melhores que os obtidos até então, o rei instituiu a criação de alguns cargos
que legitimassem uma autoridade política da própria Coroa, o que deixava ainda
mais claro o interesse na colonização das terras tupiniquins.
O principal motivo para
a criação do Governo Geral era garantir que o poder na colônia finalmente se
tornasse centralizado, acabando, por outro lado, com a desorganização de
caráter administrativa presente no estado.
O engenho de açúcar no
Brasil colonial designa o local onde foi produzido o açúcar durante o
período colonial. Ou seja, eram as fazendas que representavam a unidade de
produção de açúcar.
Vale lembrar que os engenhos
coloniais surgem no século XVI, quando tem início o segundo ciclo econômico do
Brasil: o ciclo da cana-de-açúcar.
As primeiras mudas chegaram da
Europa em meados do século XVI. Os portugueses, colonizadores das terras
pertencentes ao Brasil, já possuíam técnicas de plantio na medida que já
cultivavam e produziam o produto em outras partes do mundo.
O engenho colonial era um
grande complexo que apresentava uma estrutura básica, o qual era dividido em
diversas partes, a saber:
· Canavial:
onde o açúcar era cultivado nas grandes extensões de terra denominadas de
latifúndios. Ali começava o processo, ou seja, o plantio e a colheita do
produto.
· Moenda:
local para moer ou esmagar o produto utilizado principalmente, pela tração
animal, onde era esmagado o caule e extraído o caldo da cana. Podiam também ter
moendas que utilizavam a energia proveniente da água (moinho) ou ainda ela
força humana: dos próprios escravos.
· Casa
das Caldeiras: aquecimento do produto em tachos de cobre.
· Casa
das Fornalhas: uma espécie de cozinha que abrigava grandes fornos que aqueciam
o produto e o transformavam em melaço de cana.
· Casa
de Purgar: local onde era refinado o açúcar e finalizado o processo.
· Plantações:
Além dos canaviais, havia as plantações de subsistência (hortas), em que eram
cultivados outros tipos de produtos (frutas, verduras e legumes) destinados à
alimentação da população.
· Casa
Grande: representava o centro do poder dos engenhos, sendo o local onde
habitava os senhores do engenho (ricos proprietários de terras) e sua família.
· Senzala:
locais que abrigavam os escravos. Apresentam condições muito precárias, donde
os escravos dormiam no chão de terra batida. Durante a noite, eles eram
acorrentados para evitar a fuga.
· Capela:
erigida para representar a religiosidade dos habitantes do engenho, sobretudo,
dos portugueses. Local onde ocorriam as missas e as principais manifestações
católicas (batismo, casamento, etc.). Vale lembrar que os escravos muitas
vezes, eram obrigados a participarem dos cultos.
· Casas
de Trabalhadores Livres: pequenas e simples habitações onde viviam outros
trabalhadores do engenho que não eram escravos, geralmente os fazendeiros que
não possuíam recursos.
· Curral:
local que abrigava os animais usados nos engenhos, seja para o transporte (produtos
e pessoas), nas moedas de tração animal ou para alimentação da população.
·
Primeiramente, as
canas eram cultivadas em grandes extensões de terra (latifúndios), depois eram
colhidas e levadas para a moenda, local em que era retirado o caldo da cana.
Após esse
processo, o produto era levado para as caldeiras e depois, para a fornalha. Por
conseguinte, o melaço da cana era refinado na casa de purgar. Por fim, o
produto era ensacado para ser transportado.
Parte dele, e
sobretudo do açúcar mascavo (que não passava pelo processo de refino) era
destinado ao comércio interno. No entanto, a maior parte da produção era
enviada para abastecer o mercado consumidor europeu.
Vale lembrar que
os engenhos eram considerados “pequenas cidades” e no final do século XVII já
contavam com quase 500 no Brasil, sobretudo na região nordeste do país.
A partir do século
XVIII, o ciclo do açúcar entrou em decadência, com a concorrência externa e a
queda da produção do produto.
Além disso, foram
descobertas jazidas de ouro, que deram início ao Ciclo do Ouro no Brasil. Sendo
assim, aos poucos, os engenhos de açúcar foram sendo desativados.
Os escravos
representavam a principal mão de obra do trabalho nos engenhos açucareiros
(cerca de 80%) e não recebiam salários.
Além de
trabalharem longas jornadas, viviam em péssimas condições, vestiam trapos, eram
açoitados pelos capatazes e ainda, comiam o resto da comida. Trabalhavam tanto
na produção da cana, como nas casas senhorias, fazendo o trabalho de
cozinheiras, faxineiras, amas de leite, etc.
Alguns
trabalhadores livres que recebiam salários, trabalhavam nos engenhos, por
exemplo, o feitor, capatazes, ferreiros, carpinteiros, mestre do açúcar e
lavradores da terra.
Em 1624, os holandeses invadiram o Brasil pela Bahia e ali se estabeleceram até 1625. Intentaram outra invasão, desta vez a Pernambuco (1630). Dali passaram a conquistar diversas capitanias em direção ao litoral norte colonial. Conquistaram, respectivamente, Paraíba (1634), Rio Grande do Norte (1634), Capitania Real do Ceará (1637) e São Luís, capital do Estado do Maranhão (1641), da qual foram expulsos em 1644. O mais conhecido comandante holandês foi Maurício de Nassau que governou o chamado Brasil Holandês entre 1637 e 1644. Seu governo, com capital em Recife, estabeleceu uma administração baseada no incentivo à produção de açúcar; busca pela liberdade religiosa; modernização; criação de um jardim botânico e zoológico. Nassau também ficou conhecido por ser um importante articulador político.
Conhecidos como “ousados lobos dos mares”, os holandeses estabeleceram importantes relações comerciais na região do delta amazônico (entre os estados do Amapá e Pará). Desde fins do século XVI, holandeses e indígenas fortaleceram relações econômicas que duraram até meados do século XVII. Através do escambo, os holandeses trocavam tabaco, algodão, pescados, quelônios, urucum, madeiras e muitos outros produtos locais por machados, tesouras, contas de vidro, bebidas, armas de fogo, roupas e tudo o mais que agradassem aos índios.
Os conflitos entre portugueses, holandeses e indígenas pela posse dos territórios coloniais durou até 1654 quando os holandeses foram definitivamente expulsos. Alguns consideram que a presença holandesa na América se caracterizou apenas por um processo de invasão das colônias portuguesas. No entanto, deve-se ter em mente que as relações estabelecidas entre holandeses e indígenas nas regiões do delta amazônico se constituiu por processos econômicos que não foram abalados nem mesmo pelos sangrentos conflitos no litoral nordestino. Deste modo, a presença holandesa nas colônias portuguesas deve ser vista de modo relacional, a depender do lugar e das relações estabelecidas.
João Maurício de Nassau foi um conde holandês, enviado ao
nordeste brasileiro, em 1637, pela Companhia das Índias Ocidentais. Sua função
era governar as terras dominadas pelos holandeses na região de Pernambuco. Seu
governo durou sete anos e foi responsável por várias transformações,
principalmente urbanísticas, em Recife.
- Investimentos na infra-estruturar de Recife como, por exemplo,
construção de pontes, diques, drenagem de pântanos, canais e obras sanitárias.
- Estabelecimento de aliança política com os senhores de engenho
de Pernambuco.
- Incentivo ao estudo e retratação da natureza brasileira,
principalmente com a vinda de artistas e cientistas holandeses.
- Adoção de melhorias nos engenhos, visando o aumento da
produção de açúcar.
- Criação do Jardim Botânico no Recife, assim como o Museu
Natural e o Zoológico.
- Melhoria da qualidade dos serviços públicos em Recife,
investindo na coleta de lixo e nos bombeiros.
- Redução dos tributos cobrados dos senhores de engenho de
Pernambuco.
- Estabelecimento da liberdade religiosa aos cristãos.
No começo da década de 1640, a Companhia das Índias Ocidentais
passou a tomar uma série de medidas visando o aumento dos lucros com a economia
açucareira no Brasil. Entre estas medidas estavam o aumento de impostos,
cobrança de dívidas atrasadas dos senhores de engenho e pressão para aumentar a
produção de açúcar. Estas medidas causaram grande insatisfação nos senhores de
engenhos e não foram aceitas por Maurício de Nassau, que resolveu deixar o
cargo de governador em 1644.
A saída de Nassau do governo rompeu o clima harmonioso entre
holandeses e senhores de engenho. Muitos destes últimos passaram a se
organizar, formando exércitos e buscando apoio de colonos, com o objetivo de
expulsar os holandeses do nordeste brasileiro. O objetivo foi conquistado em
1654 através da Insurreição Pernambucana.
A
colonização portuguesa no Brasil teve como principais características: civilizar,exterminar,povoar,explorar,
dominar e conquistar.
A Coroa
portuguesa,quando empreendeu o financiamento das navegações marítimas
portuguesa no século XV,tinha como principal objetivo a expansão comercial.
Imagens:
Vídeo:
Links:
http://conhecendoahistoria1.blogspot.com.br/2016/03/a-colonizacao-portuguesa-no-brasil-como.html?m=1
https://youtu.be/Bq5oL0TQIxw
Postado por: Maria Eduarda e Thaísa Coímbra
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